terça-feira, 29 de março de 2011

Sobre as decepções

Eu não sei quanto à você mas, com certeza, uma das lições que tenho a aprender nessa vida é a de que não se deve dar nozes a quem não tem dentes ... não apenas para evitar o desperdício mas também para evitar as fatais decepções.
Sempre que penso nisso lembro-me de um grande homem, em todos os sentidos, grande em altura, grande em personalidade, grande profissional, grande escritor e contador de estórias, conhecido e reconhecido em sua área de atuação, grande na paixão que colocava não só em seu próprio nome mas em tudo o que fazia. Uma grande pessoa. Na verdade uma pessoa enooorme! Bem, ele me disse uma vez que, ao contrário de mim, ele nunca se decepcionava com as pessoas. E eu quis saber qual era o segredo para se conseguir uma vida assim tão maravilhosamente tranquila e ele me disse que o segredo era bem simples, bastava não esperarmos nada de ninguém. Na época, apesar da imensa admiração que tenho por ele, a frase me pareceu um tanto arrogante. Hoje, passados muitos anos, entendo o que ele quis dizer...

A estória das nozes tem a ver com limites. Respeitar limites. Limites que todos nós temos. Às vezes impostos pela genética, às vezes impostos pela educação que recebemos e pela cultura que fomos capazes de apreender do meio e, às vezes, limites que impomos a nós mesmos e que podem ser psicológicos ou espirituais. E esse é o tipo mais comum, o mais fácil de ser superado porque depende apenas da vontade e, ao mesmo tempo, o que temos mais dificuldade de superar porque quando dizemos a nós mesmos que não conseguiremos, certamente não conseguiremos! E, se você prestar atenção, verá que fazemos isso todo o tempo.

As decepções surgem quando esperamos de alguém uma determinada atitude e a pessoa não corresponde ao que imaginamos, porque imaginamos coisas baseados em nossos próprios padrões de comportamento e em nossos próprios limites. Aquela estória de “se eu posso você também pode” não é verdadeira. As pessoas respondem aos acontecimentos de acordo com os seus limites e não aos nossos.

Os relacionamentos, sejam eles profissionais, pessoais, familiares, ficam muito mais fáceis quando compreendemos isso: as pessoas não fazem o que querem mas o que podem fazer!

Eu ainda estou tentando decorar isso Sr.Paixão, mas não me impus esse limite ... pode acreditar, eu vou conseguir!

(Lindolfo Ernesto Paixão atuou mais de 40 anos no setor de energia elétrica. Faleceu em julho de 2009 ...)

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