terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

ADIVINHA O QUE EU ESTOU PENSANDO?

Muitas vezes pensei em direcionar o blog para este ou aquele caminho, uma linha mais específica talvez. Difícil? Tenho certeza que não deve ser quando descubro um site que só trata de “esmaltes” ... e tem assunto, viu? (não que esmalte não seja um assunto importante – dependendo da ocasião a cor do esmalte pode ser fatal!).

Não tenho atenção concentrada, eu sei, mas o fato é que, por mais que eu me esforce e tente focar, logo algum outro assunto desperta meu interesse e pronto, vai tudo por água abaixo. Claro que algumas coisas me interessam mais que outras mas, quer saber, eu me interesso por GENTE. O que acaba sendo = tudo!

Ultimamente tenho me preocupado mais em entender como as pessoas se relacionam.

Relacionamentos são difíceis por natureza, somos todos muito diferentes e, as variáveis que influenciam nossa personalidade e nosso comportamento são infinitas, passando pela cultura, educação que recebeu, dinâmica familiar, posição dos astros na hora do seu nascimento, experiências vividas, clima, religião, situação, saldo no banco ... eu, por exemplo, sou uma pessoa altamente reativa e influenciável pelo ambiente. O que equivale a dizer que posso me apresentar de diferentes formas conforme o que o outro ou o ambiente desperte em mim. Não deveria ser assim, mas ainda sou, fazer o que ?

De qualquer forma, para que o outro desperte alguma coisa em mim é preciso que eu o perceba, que eu o veja por inteiro e consiga ouvi-lo. Escutar a gente escuta, mas ouve ? Quantas vezes nos damos a chance de parar prá ouvir alguém, tentar entender os motivos da reação que o outro teve, das palavras que usou ? Conseguimos realmente nos relacionar com alguém ou apenas vamos reagindo e interagindo?

Um relacionamento deve pressupor uma predisposição a aceitar o outro como ele é. Posso gostar ou não, mas tenho que aceitá-lo simplesmente porque ninguém é o que quer ser, e sim o que é capaz de ser. Temos que nos dar o direito à espontaneidade e aceitar a espontaneidade do outro para que os relacionamentos sejam verdadeiros. É preciso que eu diga o que espero e o que sinto.

Tive uma estagiária maravilhosa. Rápida, inteligente, pró-ativa (tá, coisa loira, linda também) e, felizmente, muito verdadeira porque conseguia me dizer: “você espera que eu adivinhe o que você quer que eu faça”. E eu esperava mesmo ... Acreditava que o que era óbvio pra mim também o era pra ela. E descobri que isso não era verdade, que tínhamos pontos de vista e necessidades diferentes a respeito de algumas coisas. Mas se ela não fosse espontânea, autentica, não tivesse dito, eu jamais saberia, assim como ela não poderia saber o que eu não dizia ... e hoje, certamente, não seríamos amigas.

Tendemos a esperar que o outro nos adivinhe, adivinhe nossos desejos, afinal, ele tem a obrigação de saber o que eu espero que ele faça, não é mesmo? Já se perguntou o que ele espera de você?

Passamos a vida procurando por alguém “pronto”, que atenda a todas as nossas expectativas, num surto egocêntrico que nos leva a acreditar que os outros devem corresponder às nossas vontades, quando um mínimo de tolerância nos deixaria tão menos frustrados ...

Ninguém nasce pronto, relações não nascem prontas. Num relacionamento verdadeiro as pessoas vão crescer juntas. À medida que vão se conhecendo vão negociando, aparando arestas pra transformar aquele “desconhecido” numa pessoa que é capaz de compreender. Relacionamentos se constroem ao longo do tempo. É uma caixa de legos e egos. Construa os seus. Não vai encontrá-los no supermercado (muito menos na prateleira dos lights).

Nos preocupamos em encontrar alguém mais alto, mais baixo, mais gordo, mais magro, mais moreno, mais loiro quando na verdade todos queremos uma só coisa: ser amados.

Mas pra ser amado como espero, tenho que amar. Quero ser aceito, tenho que aceitar. Quero alguém que se doe, tenho que me doar.

E o que já era complicado, pode piorar muito no mundo virtual.

Quando você tecla com alguém que já conhece, você é capaz de perceber nas palavras escritas o tom da voz, às vezes chega até a imaginar as caretas que a pessoa deve estar fazendo enquanto escreve, mas se você tecla com alguém que nunca viu, ou conhece muito pouco, a interpretação do que se lê pode tomar um rumo totalmente inesperado e diferente da intenção original de quem escreveu. Uma mesma palavra pode ter significados totalmente diferentes dependendo do tom com que é dita. Mas escrita, quem vai saber o que ela quer dizer ... Tá lá escrito: Nossa, a-do-rei o que você fez! E você não sabe se a pessoa gostou muito mesmo ou é só ironia ... e tanto faz se é msn, sms, e-mail, twiiter ... em qualquer caso, há um mundo de possibilidades entre você e o outro, praticamente um buraco negro virtual.

Mas não vou ser injusta, também podemos conhecer pessoas bem bacanas nesse mundo virtual, que acaba também nos ajudando a estreitar laços com as pessoas do mundo real.

Mas, junte-se a isso a dificuldade habitual que as pessoas tem em “ouvir” o outro e o caos está formado.

Da próxima vez que estiver teclando com alguém lembre-se disso. Se o outro merece o tempo que você está desperdiçando ali, teclando, ele certamente deve merecer que você o leia (ou “ouça") com atenção e procure compreender, de fato, o que ele escreve (ou "diz").

Entender o que os outros dizem pode vir a ser, dependendo do outro, uma tarefa para especialistas, mas tudo é possível com um pouquinho de boa vontade. Veja este caso http://tinyurl.com/yexrzz4
... parece que encontraram um homem capaz de entender Gil e Caetano ... você não achou que eu não ia indicar nenhum site desta vez, achou ?